quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Acordei pra isso. Não acredito.

Hoje parei pra pensar sobre como será o dia da minha morte. Mas aí eu gomando do jeito que tava, perguntei de volta: Por que essa dúvida, cara de mijo?

É de fuder a paçoca mesmo quando a esta altura do campeonato o cidadão resolve perguntar a si mesmo esta merda. Fico na minha e ó.
Mas aí acabei mudando de assunto voltando pro anterior e lembrei que já pensei em diversos tipos de morte que podem acontecer comigo. Já tentei imaginar a dor de cair de uma escada de 276 degraus, ser atropelado pelo busão e até pipoco na lata. Mas um lance que sobrepõe meus pensamentos é a cena em que estou caindo do penhasco.

Tava lá o filho da puta segurando com 4 dedos de cada mão a pontinha do desfiladeiro. Aí é óbvio que nesse sonho eu tinha que morrer, pois só me lembro do Tom Cruise ter conseguido isso uma vez e foi logo no comeeeeço do filme. Mas é do caralho como eu não me lembro da cena final, da tela preta mesmo, os créditos e o the end do bagulho não me sobem no teto da cachola. Deve doer para caralho, claro, mas não dói tanto como os que eu já pensei durante muito tempo.

Aí basta uma apertada na chapeleta para que este diálogo boçal esteja condenado. Uma necrofiliazinha na transição de um pensamento pro outro, pronto, passou o viaduto e eu já tô a fim de mandar me jogar em qualquer porra de vala. Foda-se, que seja antes, mas que eu pelo menos tenha o direito de escolher, oras.

Vamos à salvadora bronha que vai embalar os próximos sonhos mais pútridos que vivem dentro deste melão deformado e que dói.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Eu não sei

O que acontece com o pôr do sol?
Eu não sei.

Qual o índice de infectados por gripe suína na minha cidade?
Eu não sei.

Por que colocam os pizzaiolos nas fotos de folheto de pizzaria?
Eu não sei.

Por que o farol ficou verde e eu não atravessei a rua?
Eu não sei.

Por que ouço inúmeras conversas sobre programas de TV e não sei patavinas do que estão falando?
Eu não sei.

Por que arquivaram as acusações contra José Sarney?
Eu não sei.

O que é bonito?
Eu não sei.

O que é feio?
Eu não sei.

Por que ouço gemidos no apartamento de cima?
Eu sei, mas finjo que não sei.

Por que minha mãe me liga cinco vezes por dia?
Eu não sei.

Por que eu não gosto de hospital?
Eu não sei.

Qual a escalação do time do Corinthians no jogo de hoje?
Eu não sei.

Por que pago contas?
Eu não sei.

Por que enrola ao invés de falar de uma vez?
Eu não sei.

Por que não quero conversar quando chego em casa?
Eu até sei, mas escrevo que não sei.

Por que eu insisto em saber sobre o que ainda não sei?
Eu não sei.

Por que o chiclete não sai da sola do meu tênis?
Eu não sei.

O que tá rolando ali do outro lado da avenida?
Eu não sei.

Por que NY terá uma segunda semana de moda para concorrer com a oficial?
Eu sei lá, porra.

Por que parei de ver Lost?
Eu não sei.


Por que usam Croc´s?
Eu não sei.

Que se passa com minha falta de interesse?
Eu não sei.

Por que fede?
Eu não sei.

Quem sou eu?
Eu não sei.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

A velha e molhada toalha azul

mais um dia com a velha e molhada toalha azul
um incansável e desgastante dia ocioso
um dia perfeito tão querido por tanta gente todos os dias

ouço vozes reais dirigindo-se a mim à toa
sinto o cheiro do esgoto sem me importar
bebo o elixir sem gosto que ganhei de presente

um incansável e desgastante dia ocioso
querido por qualquer um que passa logo ali

seco meu elixir em apenas um trago
seco o pequeno poço existente no deserto imenso que é a minha cabeça

minhas bolas escapam e tocam o pano sintético da cadeira
meus dedos sujos se movem à esmo

para nada serve, e tão pouco já bastava
por um momento refleti sobre minha cabeça vazia

miro com olhos angustiantes a velha e molhada toalha azul.

Paraíso urbano

Seguem em frente marchando feito soldados quebra-nozes manipulados por um garoto ruivo, de olhos castanhos e catota no nariz.


Empinam os narizes, olham uns aos outros procurando cores, costuras e caimentos nos mesmos uniformes.


Os homens flertam com as mulheres sem dizer uma palavra sequer. As mulheres desfilam rebolando seus traseiros gostosos só para sentir o prazer que só elas são capazes de entender e proporcionar.


- Marcão! Olha como ela tá gostosa hoje!

- Vadia. Cada dia mais tesuda. O rabo dela tá redondo como nunca esteve. Ela podia vir todos os dias com esta calça.

- Porra, bicho. Tô segurando a onda aqui pra não colar nela e falar uns absurdos. - repetiu Marcão.


Marcão nunca faria isso. É um completo bosta. Vive reclamando pelos corredores do escritório e, ao chegar em casa, toma esporro da mulher por não ter comprado a maldita ração do cachorro e fraldas pro pivete.


As marchas são sempre idênticas. Andam todos sintilantes em seus uniformes, param ao sinal vermelho, olham as mesmas de sempre, ostentam alguns carros que passam na rua e seguem seus caminhos lembrando que as contas estão vencidas, os juros estão lhes comendo o cu e que o lar vai de mal a pior.


O farol abre.


Seguem em frente marchando feito soldados quebra-nozes manipulados por um garoto ruivo, de olhos castanhos e catota no nariz.


Um dos filhos de Marcão caga na fralda e Julia reclama por ter que limpar aquele cocôzinho mole. 

Marcão abre a porta de casa. O pulguento pula em cima dele já marcando o lindo uniforme com a terra do jardim fuleiro do quintal mal cuidado.


- Como foi no trabalho? - perguntou Julia.

- Foi tranquilo, e aqui em casa, como estão as coisas?

- Tudo perfeito.


O filho de Marcão caga novamente na fralda. O cachorro solta três latidos ensurdecedores.


- Que dia da porra! - pensa Marcão.


Os dois e mais alguém

Pobres daqueles que me olham

Pobres daqueles pra quem estou olhando


falam, gritam, levantam as sobrancelhas, passam a língua nos lábios

exalam cheiro, somem diante de tantos que transitam na calçada

voltam com outros cheiros, falam, levantam os cotovelos


Pobres daqueles que me olham

Pobres daqueles pra quem estou olhando


sinto o cheiro que me deixa com náuseas

olho acima da minha cabeça a procura de outro aroma

ela coloca a blusa na cadeira, ele torna a olhar de modo desconfiado, como todos os dias

busco uma posição mais cômoda pra continuar fazendo o mesmo


Pobres daqueles que me olham

Pobres daqueles pra quem estou olhando


o telefone toca de repente como um choro de criança no meio da madrugada

ouço agradecimentos ao final do diálogo

sabe exatamente como dizer o que quer, na hora que convém


Pobres daqueles que me olham

Pobres daqueles pra quem estou olhando


O cinza do paletó cobre o pálido corpo

ela coloca a blusa novamente, ele olha de modo desconfiado quando alguém entra

sabe brincar com suas feições e atitudes


Pobres daqueles mortos que me olham com a cabeça baixa e fazem a mesma pergunta:

''você tá bem?''

Pobres daqueles mortos pra quem estou olhando.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Contos nem tão curtos - Série 2 - Eu, eu mesmo e as loiras!

De repente, em meio ao nada, ou melhor, num lugar onde o cenário era praticamente idêntico ao do filme ''Era do Gelo 2'' - neve, neve e somente, neve, estavam reunidas cinco pessoas, dentre elas, eu.
Enquanto recebia belos tapas de ventos refrescantes, me deparei com mais quatro nêgos que nunca, sequer, tinha visto. Um deles era preto, barba grisalha e cara de quem também não sabia porque caralhos estava ali. Além disso ele se parecia muito com o Morgan Freeman. Havia também duas loiras. Não pude reparar muito bem em seus rostos porque, automaticamente, meus olhos se voltavam a outras partes bem mais interessantes. É possível pensar em sexo até quando se está num lugar longínquo, mesmo sem saber exatamente a distância que este lugar está da sua casa.
O último cara, digo último porque foi o último a que fui notar a presença, era um gordinho, daqueles que só queriam um pedaço de bolo de chocolate ao invés de estar ali passando um frio descomunal.
Enquanto tentávamos nos localizar e procurar entender o porque estávamos ali, juntos, vivenciando um episódio de Lost, chegou um rapaz alto, com roupas esfarrapadas e a cara em bugalhos. Era um zumbi na nossa frente. Eu estava realmente com medo e abrindo e fechando os olhos em busca de acordar daquele pesadelo medonho.
O zumbi de cara fudida não estava sozinho, trazia consigo mais três mortos-vivos tão bonitos e bem-vestidos quanto ele. Apesar das feições, eles se mostraram totalmente simpáticos e receptivos, tanto que até se apresentaram, ou ao menos tentaram fazer isso através de sons irreconhecíveis.
De qualquer forma o zumbi vestido de pinguim sabia se mexer e nos apontou um caminho cujo qual seguimos. Já que estávamos ali sem saber o porque, fomos atrás deles e nos deparamos com um enorme paredão de gelo, tão grande que tampou a luz, propiciando uma escuridão da porra. Os zumbis realizaram um mutirão para raspar o gelo do paredão. Surge um bunker!
Eu até comecei a gostar da ideia, o troço estava realmente se tornando interessante e as loiras ainda mais.
A porta do bunker era de aço escovado, uma lindeza, mais se parecia com uma panela de inox abandonada séculos antes de uma era glacial. O pinguim semimorto tocou a porta com os dedos e esta se abriu, mostrando-nos um puta, mas um PUTA espaço rouge. Luxuoso até os cantos, divãs vermelhos, carpetes impecáveis e diversos sofás também vermelhos espalhados em todo o lugar. Era como se eu tivesse descoberto a casa secreta do Chiquinho Scarpa, com exceção das bebidas, drogas e comida farta. E, por sinal, eu estava faminto. Mas o que é uma farpinha no dedo para quem tem um tronco enfiado no rabo? Meus olhos continuavam desbravando aquele negócio e logo minha fome havia sumido completamente. Foda-se a fome, eu estava curtindo férias de inverno numa mansão secreta com novos amigos.
- Vocês são irmãs? - perguntei a uma das loiras.
- Não sei. - ela respondeu.
- Vocês são lésbicas?
- Sim, somos. Como você sabe? - retrucaram.
- Não sei também. Foi apenas um chute que não deu muito certo. Nos vemos por aí. - respondi em tom desanimador.
- Que babaca. - disse uma delas.
Sendo assim, continuei vislumbrando aquele casarão do caralho e fiquei esperando pela próxima atração. Ainda não tinha desistido totalmente das loiras filhas da puta.
Eis que um dos zumbis, como num passe de mágica, resolve abrir outra porta, da qual dava para um espelho gigantesco, onde podíamos ver a todos que estavam presentes na casa.
De repente, como num outro passe de mágica, os nossos reflexos surgiram em nossas frentes, em carne, osso e roupas. Com exceção dos zumbis, que estavam sem parceiros gêmeos, todos ficamos embasbacados com o que víamos. Eu gritei FILHO DA PUTA umas três vezes, as loiras começaram a chorar, o gordo continuou sem expressão e o Morgan Freeman olhou para mim não sei porque. Olhasse para o próprio reflexo, porra. Como se eu fosse mais interessante, Morgan FREE MAN bichona.
Os zumbis saíram de cena, simplesmente sumiram. O bagulho tava realmente tenso. Se eu já não estava entendendo nada até aquilo acontecer, daí em diante eu me senti um boçal sortudo ou azarado, sei lá. Não conseguia compreender porra nenhuma, de verdade, e continuava a abrir e fechar os olhos pra ver se despertava. Nada também. Só o EU sorridente na minha frente.
Cansei daquela merda, gritei FILHO DA PUTA mais três vezes e encarei meu espectro, ou seja lá o que fosse. Quando percebi, o cara, no caso meu irmão gêmeo, era de carne e osso mesmo. Podia tocá-lo e tudo mais. E o pior, o cara falou comigo. Puta que pariu, que raios acontecia comigo? Comigo, com as loiras, com o gordo, com o Morgan. Por que nós estávamos ali, por que uma porrada de estranhezas? Freak show danado. E aquilo não era o Daime.
- Cara, você é eu, eu sou você, ou você tá tirando com a minha cara? - perguntei pra ''mim''.
- Pô, lindo. Tanto faz. - ele respondeu.
- Então você tá tirando com a minha cara, cuzão?
- Sim, ué.
Depois deste breve diálogo percebi que ele era eu mesmo, duplicado e feio a valer.
Comecei a gostar daquilo novamente, estava confuso, mas já não tão abismado. Por isso decidi dar um rolê pela casa comigo mesmo e trocar umas ideias.
- Cara, sabe porque eu, você e todos os outros estão aqui? - perguntei.
- Não, mas já estive aqui antes. Aliás, você também. - respondeu.
- Como? Não me lembro.
- Certa vez, infelizmente não recordo de data nem nada. Você sabe que dia é hoje?
- Não.
- Pois é.
- Mas o que aconteceu da outra vez que estivemos aqui?
- Nada demais. Você se assustou comigo como fez agora, gritou FILHO DA PUTA umas três vezes e saímos para conversar. Exatamente como estamos fazendo neste momento.
- Mas, porra, eu já estive do mesmo lado que estou agora. Que merda! Você não se assustou comigo?
- Não. Cada um com seu papel, mano. Você deste lado e eu do meu. Não sei porque, mas posso falar isso porque tenho mais experiência.
- Mas eu apenas não me lembro.
- Pois é. Você é a parte disléxica de mim, ou de você, tanto faz. Você entendeu.
- E você é o lado espertalhão cuzão de mim, ou de você, tanto faz?
- Sim, ué.
- Cuzão!

Enquanto falávamos nada com nada, íamos andando e ao mesmo tempo observando o lugar. Passando pelos corredores, avistei num dos cômodos o gordo. Ele também estava com seu respectivo eu redondo. Meu irmãozão não parava de falar groselha - ele tava chato pra caralho -, e eu não estava dando atenção porque queria reparar no que o pelotinha estava fazendo. Percebi algo doentio: ele segurava carinhosamente os braços de seu eu e, não sei porque diabos, parecia que ele o estava quase beijando. Mais nojento que encoxar a mãe no tanque é foder com você mesmo, digo... de verdade. Isso não se faz!
Eles realmente estavam prestes a fazer isso. Estavam ambos pegajosos e cheios de carinho. Do outro lado do StarGate o filho da puta devia ser um virgem viciado em vídeogame e aproveitara o momento para curtir uma experiência homossexual e nojenta longe das vistas da mamãe.
Me senti enojado e questionei meu eu sobre o fato.
- Cara, que porra é essa?
- Isso costuma acontecer, da outra vez isso ocorreu com um velho, bem velho mesmo, tanto que dava a entender que encontraria o barba horas depois. Estava um trapo.
- E qual foi sua reação ao ver o velho querendo trepar com ele mesmo?
- Nenhuma. Tento não pensar a respeito, apenas vejo.
- Se você vier com viadagem, eu conto pra mãe.
- Fica tranquilo.
- Acho possível que este pico seja um espaço de auto-conhecimento, onde tudo é permitido desde que a mente também permita. Neste caso, as demais pessoas dentro da casa estão se descobrindo, assim como nós, de acordo com a personalidade e a essência de cada um. - replicou o eu.
- Certeza de que eu não fui dormir breaco e estou tendo este sonho tenebroso? - questionei.
- Pode ser. Às vezes a nossa embriaguez ativou uma espécie de portal com esta realidade.
- Mas eu não apenas bebi.
- Indiferente, porra. Você entendeu.
- Entendi sim, claro.
Depois que ele me disse isso, vomitei em um dos cantos. Me senti nauseado, não sei o que se passava, mas o negócio tinha sido brabo.
Decidi então dar um rolê a mais pela casa, que demonstrava ter cômodos infinitos. Meu objetivo era achar as loiras. Se eu tivesse que conhecer algo, que fosse então um sexo a três com duas loiras. Isso, até então, era desconhecido pra mim.
Só que eu apenas andava em vão. Nada das malditas. Inclusive, nem o Morgan achei. Era muito azar mesmo ter visto um gordinho querendo auto-sexo ao invés de ter encontrado as loiras. Os minutos foram se passando lentamente e, nisso, mal percebi que meu eu não estava mais caminhando comigo. Ele tinha sumido! Comecei a correr pelos corredores da casa e nada de achar ninguém. Estava caminhando a esmo, até que parei na sala onde tudo tinha começado. Todos tinham vazado e me deixado ali sozinho e com vontade de vomitar. Grandes FILHOS DA PUTA, e isso inclui o meu eu cuzão.

Passou-se um tempão e eu continuava dentro do casúlo glamour. Não sei ao certo quanto tempo fiquei lá, talvez três ou quatro dias. A contagem é meio absurda, pois lá não havia relógio. Durante este período trancado numa realidade bem esquisita, eu fiz de tudo, isso inclui inúmeros pensamentos e ações. Dava voadoras nas paredes, berrava aleatoriamente pra ninguém, batia punheta a rodo, vomitava - isso era devido às náuseas, comia restos de comida que haviam na geladeira, bebia água achando que era vinho ou whisky, jogava bilhar sozinho e dormia muito. Vivi uma espécie de terapia do buraco passando algum tempo isolado e cercado com os fantasmas da minha minha mente. Se isso me fez bem, não sei ao certo. Não distinguo certo do errado ou vice-versa.

De qualquer forma, voltei à realidade ''comum'' da mesma forma que fui parar na mansão do Chiquinho Scarpa, e ainda penso furioso sobre como não consegui comer aquelas duas vaquinhas loiras.













sexta-feira, 5 de junho de 2009

Contos curtos - série 1

Duas mulheres gordas, na faixa dos 40 anos, iniciam uma conversa no sofá da casa de uma delas. A da direita tem a cara com maquiagem borrada. Elas bebem algo alcoólico, de cor amarela, numa garrafa de vidro. A da esquerda fala para a gorduxa da direita:


- Tô a fim de pegar uma mulher, mas não tenho coragem. Já tô de saco cheio desse meu casamento mais ou menos.

- Pega mesmo. Perder tempo nessa vida, pra quê?

- Mas você não acha que meu peso pode atrapalhar?

- Cala a boca. Você tá linda. Dá um caldo da porra.

- E o bosta do Gaspar, tem dado assistência?

- O caralho! Tô quase entrando pro seu clubinho do velcro. O velho já tá um porre. Aliás, há tempos o vagabundo não chupa minha buceta.

- E eu aqui querendo chupar uma.

- Cala a boca. Quer me chupar, caralho?

- Claro que não. Vá se foder. Bebe mais, não aguento beber tudo sozinha.

- Além de recém-lésbica é molenga com o goró.

- Sou molenga de tudo. De corpo, com a cana... e nem recém-lésbica consigo ser por cagaço.

- Calma, molenga. Nunca é tarde para achar a buceta da sua vida. Mas você tá gorda de verdade. Pelo menos tem consciência disso.

- Se eu pegar alguém igual a mim, já vai estar de bom tamanho.

- Se você der sorte.


O relógio marcou 1 da tarde. As duas estavam num tédio danado e o papo sobre buceta também já bastava. Um cachorro latiu na rua. O sarnento que morava na casa respondeu com um latido frouxo, tão molenga quanto sua dona. Mas pelo menos o cachorro se dava bem com bucetas caninas. Hora ou outra escapava do quintal, através de uma fresta que existia no portão, e ganhava a rua para traçar qualquer cadela que estivesse dando sopa. Um verdadeiro garanhão. Na rua ele era o rei da foda canina.


A pelota da esquerda lançou uma pergunta para a da direita, que essas alturas já olhava para o teto e para as paredes. Certeza que pensava no quanto era difícil ser feliz de verdade. Ela só queria uma alternativa, uma forma de mostrar pra ela mesma que a vida tinha, sim, sentido. Ela queria chupar buceta e ser feliz. Queria também não ter que olhar para o relógio quando o mesmo marcava 1 da tarde.


- Bebe toda essa merda logo. Vou quebrar teu galho hoje.


As poucas luzes do ambiente se apagaram.

No quintal, o pulguento latiu. Desta vez, tinha olhado um rabinho interessante pela fresta do portão. Ele também saiu para trepar.

A lot of backspace

Bom, pra início de con.....
Bem, como ia dizen.....

Droga.

Tá, enfim. Agora é sério, ééé......

Desisto. 

Usando o backspace, ninguém iria ler isso, nem isso, e nem isso, e muito menos isso, sem contar iss.......