sexta-feira, 5 de junho de 2009

Contos curtos - série 1

Duas mulheres gordas, na faixa dos 40 anos, iniciam uma conversa no sofá da casa de uma delas. A da direita tem a cara com maquiagem borrada. Elas bebem algo alcoólico, de cor amarela, numa garrafa de vidro. A da esquerda fala para a gorduxa da direita:


- Tô a fim de pegar uma mulher, mas não tenho coragem. Já tô de saco cheio desse meu casamento mais ou menos.

- Pega mesmo. Perder tempo nessa vida, pra quê?

- Mas você não acha que meu peso pode atrapalhar?

- Cala a boca. Você tá linda. Dá um caldo da porra.

- E o bosta do Gaspar, tem dado assistência?

- O caralho! Tô quase entrando pro seu clubinho do velcro. O velho já tá um porre. Aliás, há tempos o vagabundo não chupa minha buceta.

- E eu aqui querendo chupar uma.

- Cala a boca. Quer me chupar, caralho?

- Claro que não. Vá se foder. Bebe mais, não aguento beber tudo sozinha.

- Além de recém-lésbica é molenga com o goró.

- Sou molenga de tudo. De corpo, com a cana... e nem recém-lésbica consigo ser por cagaço.

- Calma, molenga. Nunca é tarde para achar a buceta da sua vida. Mas você tá gorda de verdade. Pelo menos tem consciência disso.

- Se eu pegar alguém igual a mim, já vai estar de bom tamanho.

- Se você der sorte.


O relógio marcou 1 da tarde. As duas estavam num tédio danado e o papo sobre buceta também já bastava. Um cachorro latiu na rua. O sarnento que morava na casa respondeu com um latido frouxo, tão molenga quanto sua dona. Mas pelo menos o cachorro se dava bem com bucetas caninas. Hora ou outra escapava do quintal, através de uma fresta que existia no portão, e ganhava a rua para traçar qualquer cadela que estivesse dando sopa. Um verdadeiro garanhão. Na rua ele era o rei da foda canina.


A pelota da esquerda lançou uma pergunta para a da direita, que essas alturas já olhava para o teto e para as paredes. Certeza que pensava no quanto era difícil ser feliz de verdade. Ela só queria uma alternativa, uma forma de mostrar pra ela mesma que a vida tinha, sim, sentido. Ela queria chupar buceta e ser feliz. Queria também não ter que olhar para o relógio quando o mesmo marcava 1 da tarde.


- Bebe toda essa merda logo. Vou quebrar teu galho hoje.


As poucas luzes do ambiente se apagaram.

No quintal, o pulguento latiu. Desta vez, tinha olhado um rabinho interessante pela fresta do portão. Ele também saiu para trepar.

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